https://fortune.com/longform/medical-records/

  Death by a Thousand Clicks: Where Electronic Health Records Went Wrong

Caros amigos,

Vcs já devem ter percebido que gradualmente tenho ficado cada vez mais insatisfeito com a forma como tenho de praticar Medicina (atenção, deixo bem claro que adoro ser Médico e a “arte da Medicina”), no entanto a forma como tenho de praticá-la é que esta me deixando cada vez mais incomodado.

Trabalho numa instituição excepcional, mas que seguramente não se preocupa em saber como fazer eu ser mais resolutivo, produtivo e feliz (recentemente fui premiado pela minha fidelidade à instituição com uma “Cavalgada ao Luar”). Conviver com a TI de um hospital (ou de laboratório de analises) deve ser parecido a estar num dos últimos círculos do Inferno de Dante (quem sabe para quem for Católico, estas provações poupem tempo no Purgatório), a Qtde de relatórios a serem realizados (que seguramente nem serão lidos) é insana

Como pratico clinica geral, o esforço que tenho de fazer para me manter atualizado é enorme, comparado com quem se foca numa especialidade (e as vezes numa especifica subespecialidade). Vcs se lembram da definição de especialista: “É aquele que sabe cada vez mais, sobre cada vez menos, até que ele sabe tudo sobre nada”.

Já escrevi para vcs sobre a dificuldade que vários colegas tem de encontrar pessoas que entrem em suas equipes (buscam e até entendo sua boa qualidade de vida).

Vejam acima estes 2 artigos (um é uma carta) da Clinica Mayo (lá os médicos e todos os funcionários, incluindo o CEO tem salario, sem bônus financeiros. Tem horas previstas de trabalho e muito tempo de Lazer, viajam bastante para divulgar a Mayo) e mesmo lá o “Burnout” de médios é superior as de demais profissionais com estudos de nível assemelhados.

Vcs sabem que estudei História na FFLCH e que tenho enorme interesse neste assunto, quem não leu deve ler o Livro “The March Of Folly (A Marcha da Insensatez) de Barbara Tuchman (uma das melhores historiadoras que estudei).

 Ela relata 4 episódios na história da humanidade, onde uma tragédia ocorreu, havia um caminho alternativo, pessoas avisaram à época, mas não foi dada a devida atenção. Eles são:

O Cavalo de Tróia;

O Cisma da Igreja Católica;

A Independência Americana

Guerra do Vietnã.

Mas a mensagem da Dra. Tuchman é outra, “a marcha da insensatez esta ocorrendo todos os dias (e conosco mesmo) e precisamos estar atentos para evitar uma tragédia” .

Se não ficarmos atentos num futuro, não muito distante, teremos Hospitais (não serão mais os: Oswaldo Cruz, Sírio-Libanês, Einstein e outros comunitários, que já terão sido “engolidos” pelas redes do tipo das  “D’Or” ou “Amil”), muito bem equipados (com muito $), com Executivos muito bem pagos, com Bônus milionários (possivelmente de dar inveja ao mercado financeiro), onde os médicos serão:

  1.  “Comoditizados” (creio que nem serão empregados dos hospitais, mas sim das fontes pagadoras)
  2.  Trabalhando com sistemas de informação disfuncionais, pois não ajudam o processo assistencial (nem foram desenvolvidos por quem tem de lidar com isto)
  3. Possivelmente (pelo menos é o que os artigos acima sugerem) num nível de Burnout acima do razoável e de outras profissões

Seguramente há um enorme erro no que coloco, pois parto da premissa que as novas gerações de médicos queira ser de alguma forma “parecida” com o que eu sou (que de alguma forma, repeti o modelo de meu pai falecido há 40 anos, um “Solo Practitioner”. No entanto o numero de médicos americanos (ou em outras parte do Mundo, por exemplo Singapura esta com dificuldades de repor os médicos em aposentadoria – quem tiver interesse, veja o artigo “The Future of Medical Education acima”) se aposentando precocemente é muito grande (como tenho vivencia e contatos nos EUA, sou bombardeado com mensagens de como me aposentar aos 50 ou 55 anos de idade).

Do ponto de vista pessoal, eu creio ainda ter pela frente uns cerca de 10 a 15 anos de pratica médica (quer seja pela minha idade e pelo tipo de clientela que tenho), no entanto a principal preocupação de uma empresa (entidade, organização, ou o nome que quisermos chamar) é garantir sua perenidade (vai existir amanhã).

Coloquei tb um link de artigo recente da Revista Forbes, sobre agruras da TI

Boa Leitura e bom domingo

jairo

https://www.mayoclinicproceedings.org/article/S0025-6196(15)00716-8/fulltext

https://www.mayoclinicproceedings.org/article/S0025-6196(19)30068-0/fulltext

http://www.smj.org.sg/article/future-medical-education

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