Nesta peculiar comemoração de Rosh Hashaná (pela primeira vez não fui a sinagoga e fiquei assistindo o serviço religioso pela “telinha” e sem a companhia da minha comunidade, que em hebraico se chama Kehila) fiquei lendo o novo livro de orações (chama-se Machzor) da Sinagoga que eu pertenço e onde meu Bisavô, avós e pais rezavam e encontrei uma interpretação do poema “Por quem os Sinos Batem?” feita pelo GIGANTESCO Abraham Joshua Heschel, que esta transcrita abaixo.
O poema original serviu de titulo para o lindo livro de Ernest Hemigway “For whom the bell tolls?” sobre a Guerra Civil Espanhola
Meditações VII, John Donne
https://pt.wikipedia.org/wiki/John_Donne
Texto original de John Donne
“Nenhum homem é uma ilha, isolado em si mesmo; todos são parte do continente, uma parte de um todo. Se um torrão de terra for levado pelas águas até o mar, a Europa ficará diminuída, como se fosse um promontório, como se fosse o solar de teus amigos ou o teu próprio; a morte de qualquer homem me diminui, porque sou parte do gênero humano. E por isso não perguntes por quem os sinos dobram; eles dobram por ti”
Abraham Joshua Heschel
https://en.wikipedia.org/wiki/Abraham_Joshua_Heschel
https://www.plough.com/en/topics/community/leadership/two-friends-two-prophets
Heschel nasceu na Polônia, fez sua formação na Alemanha e quase por milagre escapou do Holocausto (a maior parte de sua família morreu nos campos de extermínio) emigrou para os Estados Unidos e lá se tornou uma figura legendária dirigindo um dos mais importantes Seminários de formação rabínica (vários dos rabinos que contribuíram em minha formação são “descendentes” de Heschel)
Ele teve participação ativa no movimento pelo direitos civis nos Estados Unidos e frase abaixo explica o que ocorria naquele momento:
For many of us the march from
Selma to Montgomery was about
protest and prayer. Legs are not lips
and walking is not kneeling. And yet
our legs uttered songs. Even without
words, our march was worship. I felt
my legs were praying.
Versão de Abraham Joshua Heschel
Esta frase esta no Mahzor de Rosh Hashaná da Sinagoga Beth-El
“Nenhuma religião é uma ilha. Nenhuma tem o monopólio da santidade. Somos companheiros de todos que reverenciam a Deus. Rejubilamo-nos quando o nome divino é ouvido. Nenhuma religião é uma ilha. Compartilhamos o companheirismo da Humanidade e a capacidade compaixão. O espírito de Deus vive em todos, judeus e gentios, homens ou mulheres, em consonância com seus atos. Não temos todos um só Criador. Não somos todos filhos de Deus? Que não sejamos guiados pela ignorância e pelo desprezo. Que a santidade de nossa vida ilumine o nosso Caminho”.
Versão de jairo
“Nenhuma religião é uma ilha, isolada em si mesma; todas fazem parte da Criação Divina, são parte de um todo. Quando a humanidade entra em conflito, por achar que a sua versão da verdade divina é a mais correta, todos ficamos diminuídos. Nenhuma tem o monopólio da santidade. A morte de qualquer homem nos diminui pois somos todos “Filhos do mesmo Criador” E por isso não perguntes por quem os outros rezam; eles rezam por ti.”
Sr Jairo vou citar essa sua página no meu site literário. Com todo o cuidado de manter a referência bibliográfica. Quero agradecer a tradução!