A Mais-Mais no jantar em Belem

Meu Judaísmo é mais cultural e menos religioso, isto é creio que as religiões são praticas que cada grupo estabeleceu para se comunicar com o mundo espiritual. Nasci e fui criado num lar judaico liberal.

Me esforço para conhecer outras práticas religiosas de outras denominações e com isto me tornar uma pessoa melhor.

Li quase todos os livros da Karen Armstrong https://pt.wikipedia.org/wiki/Karen_Armstrong; e muitos outros. Fiz viagens para locais sagrados, algumas guiados por professores ilustres, mas algumas tiveram uma emoção especial. A que narro a seguir é uma delas.

Na viagem que fizemos a Israel para celebrar o Bnei Miztva de Gabriel e Ariel fomos acompanhados por 2 famílias muito amigas de uma vida: Miriam, Amâncio, Carol e Gabriela Ramalho e Ana e Nelson Hamerschlak.

A familia Ramalho é católica e a Miriam faz aniversário em 25 de Dezembro, um de seus sonhos (que virou nosso) era assistir a Missa do Galo na Igreja da Natividade em Belem. https://whc.unesco.org/en/list/1433/

Não tínhamos idéia da confusão em que estávamos nos metendo, cito algumas:

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A Travessia em “No Man’s Land”
  1. Belem:
    1. Fica na Cisjordânia, em área administrada pela Autoridade Palestina
    2. Fica separada de Israel pelo famoso muro
    3. Israelenses não podem entrar neste território (portanto o Zvika, nosso guia Israelense, não pode nos acompanhar)
    4. Meios de transporte Israelenses não podem entrar, portanto nossa Van nos deixou de um lado do muro e do outro lado deveria haver um carro nos esperando.
  2. Ingressos para entrar na Igreja da Natividade:
    1. A administração dos Locais Santos Católicos nesta região esta sob responsabilidade dos Franciscanos
    2. Lá fomos nós no Escritório central desta Ordem Religiosa, falar com um Padre idoso
      1. Ele gentilmente nos explicou que estes ingressos tem de ser pedidos com um ano de antecedência.
      2. Que havia uma cota por país e assim por diante
    3. Explicamos a situação (aniversário da Miriam)
    4. Conseguimos os 10 ingressos. Milagres ocorrem na Terra Santa
  3. A Travessia:
    1. Nossa Van nos deixa do lado Israelense do Muro
    2. Passamos por uma “No Man’s Land”, cercada pode arame farpado e Check-points (com uma sensação de que: “Bem que minha mãe disse para eu não vir aqui”)
  1. O “outro lado”:
    1. O lado Palestino tem um ambiente degradado, com:
      1. Lixo acumulado nas ruas
      2. Pixações ant Israel e anti judaicas (por exemplo: Suásticas)
      3. Fogueiras
Gabriel, Eu, Amancio, Gabriela, Luci “do outro lado” De capuz não me lembro quem é
  1. Deveria haver um carro nos esperando, mas nada dele (foram alguns momentos de aflição)
    1. Fomos levados a uma Loja de Souvenirs, que:
      1. Logo após nossa entrada teve suas portas fechadas
      2. Nos mostravam inúmeros itens, que não nos interessavam
      3. Mas ficou claro que aquele era o nosso “resgate”e la fomos nós gastar nossos USD
    2. O Jantar:
      1. Nossos anfitriões nos levaram para um imenso restaurante (creio que deveriam caber cerca de 500 pessoas) e novamente só nós 10, com as portas fechadas
      2. Foi um bom jantar de comida bem saborosa e nossos anfitriões foram muito gentis, :
        1. Explicaram que eram das ultimas famílias Cristãs que moravam em Belem.
        2. Nos perguntaram (mas quase afirmando) se éramos todos Católicos e expliquei: “Uns mais e outros menos”.
A entrada do Restaurante

O salão vazio do Restaurante
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Carol, Aninha, Miriam, Luci e Gabi Ramalho, saindo do Restaurante
  1. A entrada na Igreja da Natividade:
    1. Nossos anfitriões nos levam de carro até onde dava (havia uma multidão de pessoas se dirigindo para a Igreja)
      1. Tínhamos de passar por uma série de “Check-points” não oficiais, onde se pagava uma propina a alguém, que nos deixava passar
      2. Havia a nítida impressão de que estávamos em um “failed state”.
    2. Fomos deixados, com a promessa de nos encontrarmos no mesmo local em determinado horário.
    3. Toda esta multidão aglomerada era dirigida a passar por uma única porta detetora de metais, num imenso empurra-empurra.
    4. Tínhamos de estar com os passaportes e os ingressos à mão
  2. A Missa:
  1. Chegamos, um bando de judeus (com quatro católicos), assistindo na Palestina, uma missa em Frances (aparentemente a ordem religiosa que cuida deste local é de origem francesa) celebrando o nascimento de um Judeu, que é considerado o Messias (mas não para o seu povo de origem).
    1. Not to say the least: Quando percebo que a meu lado esta nada mais, nada menos que Mahmoud Abbas, Presidente da Autoridade Palestina
Christmas celebrated in Bethlehem with message of joy, peace
Mahmoud Abbas na Igreja da Natividade
  1. A Missa em si era muito solene e bonita. Apesar de todos os temores e receios nos deu uma sensação de que no final do dia, é possível que a humanidade se entenda
  2. A Saída:
    1. Óbvio que não havia carro nos esperando no local marcado
    2. Percebia-se uma algazarra crescente, com um tom ameaçador
    3. Acenamos para uma Van cujo motorista não falava um idioma que pudéssemos entender
    4. As duras penas, acordamos um valor e lá fomos nós para o Muro
    5. No meio do caminho o Motorista diz que o valor era outro bem superior ao acordado
    6. Quando eu “naïve”como sou tentou argumentar, quase apanhei (literalmente) dos meus companheiros de viagem. Entendi a minha patacoada.
O Altar da Igreja da Natividade

8 Replies to “Noite de Natal em Belem (Terra Santa)”

    1. Cecilia, amiga querida,
      Obrigado por sempre estar presente.
      Um dos melhores presentes da vida é a oportunidade de se relacionar com os amigos.
      bjs mil

  1. Caro amigo Jairo.
    Adorei a história pelo comprometimento e “jois de vivre” de todos os participantes. Inesquecivel!
    Forte abraço,
    Sergio Milred

    1. Sergio, meu companheiro de tantos anos.
      Obrigado pelos comentários
      Sempre é bom saber que tem mais pessoas que curtem estas experiências

  2. Jairo querido,
    Vc não comentou sobre o ataque que minhas filhas sofreram pela turba que avançava em direção à igreja! Até hoje o Gabriel mexe comigo pois tentava defendê-las esbravejando “ they are my daughters”. Estressante mas foi uma experiência única que marcou muito nossas vidas!
    Obrigado

    1. Teve tb o “assédio” que o Nelson sofreu no meio da turba! Ou foi vc, Amâncio? Inesquecível…

      1. Aninha,

        Eu fiquei na duvida se seria apropriado colocar poisé pessoal de vcs (tb tem o perrengue com as filhas do Amancio, que tb me alertou). Com calma eu adiciono os dois fatos
        Miss you

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