Queridos amigos,

Por incompetência minha eu não soube administrar meu tempo e não consegui terminar o texto que habitualmente eu “rabisco”, com as ideias atrapalhadas que esta minha mente, cada vez mais confusa, produz.

Obviamente que estes textos não são gerados espontaneamente, mas sim a partir de coisas que li (e refleti) de autores que me impactam de algum maneira (não consigo escapar da minha formação judaica) e o que envio hoje é baseado em algo que o antigo Rabino- Chefe do Reino Unido (Lord Jonathan Sacks) escreveu e se chama: “O Futuro do passado”.

A maior parte de nós tem o conceito de que não podemos mudar o passado (há um fase de Chico Xavier que diz: “Ninguém pode voltar atrás e fazer um novo começo. Mas qualquer um pode recomeçar e fazer um novo fim”) e de alguma forma todos nós temos de conviver com as coisas que fizemos e vivenciamos no passado (boas ou más).

O Rabino Sacks tenta dizer que se não podemos mudar o passado, ele é passível de ser reinterpretado, não como uma forma de se “recriar” o passado, mas muito mais como uma forma de aceitação de que aquilo que somos hoje é fruto de tudo aquilo (de bom ou de ruim) que passamos.

Segundo o Rabino Sacks o caso que melhor retrata isto é o do falecido Steve Jobs, narrado no famoso discurso de formatura da Universidade de Stanford em 2005 (https://youtu.be/UF8uR6Z6KLc         ). Nesta ele descreve os 3 principais eventos catastróficos de sua vida:

1)    Abandonar a faculdade:

a.     Permitiu que ele seguisse qualquer matéria de estudo que ele quisesse

b.     Ele optou a fazer CALIGRAFIA

c.      Isto o permitiu estabelecer a estética que se tornou símbolo da Apple até hoje

2)    Ser despedido da Apple:

a.     Levou a ele fundar a NeXt e a Pixar (o mais bem sucedido Estúdio de animação do Mundo)

b.     A Apple um dia comprou a NeXT (devido a sua tecnologia inovadora) e Steve Jobs volta a Apple

3)    Ter o diagnostico de Câncer:

a.     O fez mudar o foco da sua vida

b.     Definido na seguinte frase: “Your time is limited, so don’t waste living someone else’s life”.

O Rabino Sacks usa a História bíblica de José (aquele filho do Patriarca Jacob, que foi vendido como escravo por seus irmãos) como exemplo maior:

1)    Seus irmãos o vendem como escravo, devido a inveja que tinham do amor que o pai (Jacob) tinha por ele.

2)    Qdo após vários anos seus irmão (sem o reconhecer) vem buscar ajuda pela fome que assolava a região (os 7 anos de vacas magras) ele reinterpreta o passado e diz:

a.     Eu sou seu irmão José, aquele que vcs venderam como escravo no Egito

b.     Não fiquem preocupados, nem chateados consigo mesmo, pois foi para salvar vidas que D’us me enviou antes que vcs

3)    No entanto, qdo Jose estava na prisão ele descreveu esta situação de forma diferente: Eu fui sequestrado na terra dos Hebreus e mesmo aqui eu não fiz nada para acabar no calabouço

O que aconteceu para ele ter mudado sua percepção dos fatos?

Qdo José ajuda seus irmão a reverem suas memorias ele na verdade esta DESAFIANDO uma das principais assimetrias sobre o “tempo”

            Podemos mudar o futuro

            Mas não podemos mudar o passado. Mas será totalmente verdade?

            O que José esta fazendo por seus irmãos, é o que ele fez por ele mesmo: Eventos futuros mudaram sua compreensão sobre o ocorrido no passado

Rabino Sacks complementa:

Nós não podemos compreender totalmente o que ocorre conosco agora, enquanto não pudermos olhar para trás e entender como tudo terminou

Isto significa que não somos reféns do passado. Por ações no futuro, nós podemos redimir o passado

Na Folha de SP recentemente foram publicados dois Op-Eds que tem a ver com o que escrevo acima:

1)    Gilberto Dimenstein: https://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/2019/12/aquele-gilberto-dimenstein-de-antes-do-cancer-morreu.shtml

a.     Gilberto esta com um grave Cancer de Pancreas, descoberto fortuitamente e ele escreve

                                                              i.      Câncer é algo que não desejo para ninguém, mas desejo a todos a profundidade que você ganha ao se deparar com o limite da vida

                                                            ii.      Grande parte da minha vida foi marcada pelo culto a bobagens: ganhar prêmio, assinar matéria de capa, etc. É como se estivesse passando por um lugar lindo num trem em alta velocidade, vendo tudo borrado

b.     Ele Continua: E aí começaram a acontecer coisas incríveis:

                                                              i.      Gosto de andar de bicicleta, e comecei a sentir o vento no rosto, como se estivesse sendo beijado

                                                            ii.      Acorda com os bem-te-vis e escuta os Bem-te-vis

2)    Nizam Guanaes: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/nizanguanaes/2019/12/o-mundo-e-um-jardim.shtml

a.     Ele escreve de NY, um artigo intitulado “O Mundo é um Jardim” sobre um livro recente de Mendel Kalmenson “Positivity Bias”: https://www.amazon.com/Positivity-Bias-Mendel-Kalmenson-ebook/dp/B07SRD8636/ref=sr_1_1?keywords=Mendel+Kalmenson+%E2%80%9CPositivity+Bias%E2%80%9D&qid=1578140932&sr=8-1

                                                              i.      O livro (que eu não li) é sobre o lendário Lubavitcher Rebbe (Menachem Mendel Schneerson, estudou Matematica e Filosofia em Berlim e Engenharia na Sorbonne), falecido líder do movimento Chabad. Para quem não é da tribo vai uma pequena explicação abaixo

1.     No século 18, no território que hoje é a Ucrania (império Russo à época) surgiu o movimento Hassidico (ou Chassidico, que significa Piedade), liderado pelo “Baal Shem Tov” ( que significa Senhor do Bom Nome, ou Aquele que tem Boa Reputação), que mudou de forma radical a pratica do judaísmo ortodoxo, fazendo uma conexão direta entre cada ação humana e o DIVINO

2.     A pratica do judaísmo é em geral realizada por temor de punição por D’us se não cumprirmos os Mandamentos (são 613). O Chassidismo estabeleceu uma pratica religiosa alegre e feliz, onde tudo é celebrado por uma perspectiva boa e efusiva (são extremamente acolhedores)

3.     Este movimento se desenvolveu e prosperou principalmente na Europa Oriental e é muito baseado em um Rabino líder do movimento e se acredita que 5% dos judeus (estimativa de sermos cerca de 14 Milhões), e só como referencia, antes do Holocausto nazista haviam cerca de 17 milhões) sigam esta linha Chassidica (a família da minha futura e amada Nora são desta linha)

4.     Lubavitch é uma cidade na Ucrânia onde este especifico movimento prosperou e o titulo de “Lubavitcher Rebbe” indica que este seria o Rabino desta cidade

                                                            ii.      Após a Revolução Russa o Movimento Chabad foi perseguido pelo Novo Governo e se mudou para a Polonia

                                                          iii.      As vésperas da 2ª Guerra mundia, devido a ameaça Nazista, este movimento se mudou para os EUA e sua sede fica no Brooklyn

1.     Segundo as estatísticas antes do inicio a Guerra haviam ~9,5 Milhões de Judeus na Europa, em 1950 haviam apenas 3,5 Milhões

2.     Na Polônia (onde estavam a maioria dos Campos de Extermínio) haviam cerca de 3,0 Milhões de Judeus e ao final 45.000 (isto mesmo quarenta e cinco mil)

3.     Neste genocídio a mortalidade foi maior na comunidade Ortodoxa (Chassidicos)

b.     Em 1951 Menachem Mendel Schneerson Z”L (esta duas letras significam de Abençoada Memória), passou a ser o 7º “Lubavitcher Rebbe”

                                                              i.      Ele criou um movimento com milhares de emissários que disseminou sua mensagem de amor e tolerância pelo mundo

                                                            ii.      Me parece haver uma certa semelhança com a História de José no Egito (se não tivessem fugido da Ucrania, não teriam sobrevivido. “O Futuro do Passado”

Desejamos a todos um ótimo 2020, com muita saúde, alegria e realizações

Luci & jairo

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *