O que é a felicidade?

     Meu Texto de final de ano 2021

Queridos amigos,

Como há muito tempo eu faço, gosto de produzir um texto para cada final de ano, na tentativa de estimular o melhor de cada um de nós, neste término de ciclo.

Como estou em isolamento devido a Covid-19 (eu sou o idoso de 67 anos, que pegou Ômicron) quero iniciar com um livro que reli e  que muito marcou a minha vida:

 “A Tale of Two Cities”

por Charles Dickens, que ele lançou em um periódico mensal (All the year around) em 1859 (vocês acham que foi a Netflix que inventou os seriados?), que seguramente contem a melhor abertura que se pode imaginar:

https://en.wikipedia.org/wiki/Charles_Dickens

It was the best of times, it was the worst of times, it was the age of wisdom, it was the age of foolishness, it was the epoch of belief, it was the epoch of incredulity, it was the season of Light, it was the season of Darkness, it was the spring of hope, it was the winter of despair, we had everything before us, we had nothing before us, we were all going direct to Heaven, we were all going direct the other way – in short, the period was so far like the present period, that some of its noisiest authorities insisted on its being received, for good or for evil, in the superlative degree of comparison only.

Esta frase de abertura de alguma forma me parece retratar muito bem os tempos atuais

Temos uma pandemia avassaladora (the worst of times) e temos a ciência dos dando soluções (the best of times); Pessoas se comportando com sabedoria (Wisdom) e outras com tolices (foolisheness) e assim por diante.

Apenas um pequeno resumo (não spoiler):

A narrativa ocorre durante a Revolução Francesa (na época do Terror) e o complexo enredo, relata o dilema e por fim sacrifício de Sydney Carton em nome de seus amigos Charles Darnay e Lucie Manette.

O tom do livro é apolítico (um pouco como eu me sinto na situação política atual do Brasil, onde não consigo me empolgar por nenhum dos lados, vejo mais defeitos do que qualidades nas opções que vislumbro), porem é a política que conduz a narrativa (um dos primeiros presidentes americanos disse: “O maior castigo de quem ser recusa a discutir política é ser governado por quem a discute”).  Dickens critica tanto a tirania aristocrática quanto o excesso revolucionário (mutatis mutante, não diferente dos tempos atuais).

Dickens explora temas importantes, como a natureza destrutiva da vingança, revolução, a importância do sacrifício e ressurreição.

O final do livro também é memorável:

“It is a far, far better thing that I do, than I have ever done; it is a far, far better rest that I go to, than I have ever known.”

Tendo dado uma bela sugestão de leitura vamos seguir adiante e seguir no tema que eu me propus.

O que é a Felicidade?

Em termos gerais, felicidade é um estado emocional positivo, difícil de descrever e que se percebe mais pela sensação sentida.

Tentei estudar um pouco sobre o que nos faz felizes (e lembrem-se que normalmente eu escrevo este texto as vésperas do Natal, fervilhando ideias na minha cabeça, mas desta vez eu o escrevo na minha quarentena de Covid, sem estar com tantas preocupações e com tempo para pesquisas. Depois me digam como sai melhor).

Me usando como exemplo:

1.  Creio que tenho uma jornada  de trabalho muito maior do que a grande maioria das pessoas de meu nível socioeconômico e cultural.
2. Minha opção profissional (ser clinico geral) me obriga a ter de estudar uma miríade de assuntos.
3. Enquanto o super especialista por ter um campo bem mais definido de atuação, possivelmente necessite menos horas do que eu.
4.  Isto o torna mais feliz do que eu?

Em um outro campo da atividades profissionais, como no financeiro, o que tem menor ganho financeiro é menos feliz do que o que ganha mais?

Porque para um chocólatra devorar uma barra desta iguaria (vcs sabem o nome cientifico do Chocolate? Teobromina = Comida dos Deuses) causa uma felicidade que durante aqueles instantes é equivalente a ter Ganho a Mega Sena da Virada, mas porque só dura alguns instantes?

Possivelmente donos de pequenos negócios e empreendedores são das pessoas mais estressadas e sobrecarregadas, porem 94% dos proprietários de pequenos negócios dizem que estão felizes com suas vidas 81% deles atribuem sua felicidade ao seu empreendedorismo

Em 2012 foi feita uma pesquisa em egressos da renomada escola de Administração de Wharton e se verificou que os mais felizes eram aqueles que tinham seus próprios negócios. Nesta pesquisa empreendedorismo foi considerado mais importante do que renda para gerar felicidade.

Em uma das linhas de pensamento (no caso em questão na Psicologia) existem dois conceitos de Felicidade (juro que não fui quem inventou estes termos): A Hedônica e a Eudaimônica, sendo que ambas contribuem para um estado de bem estar que chamamos de felicidade.

Felicidade Hedônica é alcançada pelas experiências de prazer e alegria

1. Exemplos:
   1. Saborear uma comida ou bebida deliciosa
   1. Deliciar-se com uma música que toca seu intimo
   1. Desfrutar tempo com seus verdadeiros amigo
   1. São coisas que nos fazem liberar endorfinas e são o “highlight daquele dia
   1. No entanto, o efeito é efêmero e duram pouco tempo

A Felicidade Eudaimônica é alcançada pelas experiencias de significado e propósito

• Exemplos:
• Criar filhos
• Ser voluntario em uma causa que importa a você
• Se esforçar para fazer seu negócio ser bem sucedido
• Sentir-se parte de algo maior do que você e que suas ações realmente importam pode levar a uma profunda sensação de realização e felicidade a longo prazo.
•  Todos nós gostamos de pensar que nossas vidas têm significado e se você conseguir encontrar sua “vocação” ou fazer parte de uma grande equipe, grupo ou organização que está fazendo a diferença, então é provável que seja realmente feliz
• Nestas de alguma forma temos de perseverar para alcançar os objetivos propostos
• Seus efeitos são muito mais duradouros

Como em quase tudo na vida existem pesquisadores que são mais devotos de uma ou outra linha. Porem quase todos concordam que os dois tipos de felicidade são necessários para maximizar o bem-estar.

 Por exemplo, estudos sugerem que os comportamentos hedônicos aumentavam as emoções positivas e a satisfação com a vida e ajudavam a regular as emoções, ao mesmo tempo que reduziam as emoções negativas, o estresse e a depressão. Enquanto isso, o comportamento eudaimônico levou a um maior significado na vida e a mais experiências de elevação, ou o sentimento que alguém experimenta ao testemunhar a virtude moral.

 Este estudo indica que os comportamentos hedônicos e eudaimônicos contribuem para o bem-estar de maneiras diferentes e, portanto, são necessários para maximizar a felicidade.

Você pode ser feliz em todos os sentidos do termo o tempo todo?

Isso é muito improvável, senão impossível. Há uma compensação entre os diferentes níveis, no sentido de que você não pode ter níveis altos em todas as dimensões  tempo todo – pelo menos isso é muito difícil (eventualmente quem usa drogas psicoativas esteja procurando isto). Se você se concentrar demais nas alegrias e prazeres momentâneos de um nível, provavelmente não trabalhará duro o suficiente para atingir seu potencial e ter sucesso em seus objetivos de vida a longo prazo.

Por outro lado, se você passa todo o seu tempo trabalhando em prol de objetivos de longo prazo, provavelmente se esquecerá de aproveitar as coisas mais simples da vida

. Um de meus desenhos animados favoritos é Mogli e em especial quando Baloo canta “The Bare Necessities” https://youtu.be/9ogQ0uge06o

Um outro conceito interessante que encontrei (veja como preparar estes textos me ajuda a ter mais conhecimentos, alguns inúteis) é o da Adaptação Hedônica: que se entendi direito é que as pessoas tem uma espécie de linha de Base de felicidade e não importa o que ocorra com ela após um tempo, ela estará de volta aquele ponto (agora entendi o que acontece comigo, quando como chocolate) de equilíbrio.

Existem 3 componentes para este ponto de equilíbrio:

1. 50% é determinado geneticamente
2. 10% estão fora do controle do indivíduo: Onde nasceu? Quem foram seus pais? Etc.?
3. Os 40% restantes estão sob controle de cada um de nós

Quando leio disto fico a imaginar o comportamento de algumas pessoas das minha relações e seu mecanismo de felicidade.

 Tenho uma prima que não importa bem o que ocorra na vida dela,  sempre parece feliz.

Eu por outro lado, me sinto bem feliz, apesar de que o Criador não ter me dado muita paciência e meu limiar de irritabilidade se baixo (eu tento explicar lá em casa, que me deixar feliz é bem simples e fácil:  “É só fazer o que eu peço”, não é muito

Fico pensando se o quesito Felicidade não seria semelhante ao que Descartes explica sobre o Bom Senso no seu livro “O Discurso Sobre o Método”. Todo mundo esta satisfeito com o quinhão que foi contemplado.

Alguns estudiosos definem 7 tipos de felicidade: https://www.verywellmind.com/happiness-types-4173234

Alegria:

            É uma sensação passageira

            Que com alguma vivencia a gente sabe como obte-la (chocolate)

Excitação:

            É menos efêmera do que a alegria

            Ocorre por exemplo quando temos um novo trabalho ou uma nova relação afetiva

Gratidão:

            É uma emoção fácil de ser cultivada

As pessoas que tem o dom desta emoção em geral são mais felizes

Orgulho:

            Obviamente que tb pode ser uma coisa negativa

Mas na maneira correta, quando vc sente orgulho sobre aquilo que realizou (atenção não é estar “Rempli de soi meme”

Otimismo:

            As pessoas otimistas tendem a ter melhores resultados na vida

Quando confrontados com decepções tendem a minimiza-la.

Contetamento: (não achei equivalente em português

            O significado é estar feliz com o que vc tem. Estes se decepcionam menos comas agruras da vida

Amar:

            O amor pode ser encontrado ao nosso redor: família, amigos animais de estimação e se dedicar a estes relacionamento pode enriquecer muito a vida e de alguma maneira se bem cultivada, pode ser um suprimento infinito de felicidade

Obviamente que relacionamentos estressantes podem minar a nossa felicidade

Terminando não poderia deixar de citar a linda musica de João Gilberto e Tom Jobim: Corcovado:

https://youtu.be/ROIOeSHLUmc

Meus amigos americanos tem por habito terminarem um texto deste tipo com um breve resumo do ocorrido nas nossas vidas e assim tb tento introduzir este conceito:

1. Núcleo familiar:
   1. Filhos:
      1. Ariel:
         1.  Está bem, sendo socio de uma produtora de conteúdo para propaganda.
         1. Este é um mercado errático, com sobe e desce
         1. Mas ele seguramente se encontrou neste caminho
         1. Na pandemia nos mostrou um lado culinário muito bom
      1. Vicky e Gabriel:
         1. Continuam em NY e nos parecem muito felizes
         1. Gabriel é daqueles que aproveita e curte todas as oportunidades que a vida lhe oferece
         1. A estadia dos 2 sozinhos logo após terem se casado
         1. Estamos ansiosamente aguardando a chegada dele
   1. Mais-Mais e eu:
      1. Completamos 34 anos de cumplicidade, onde cada vez mais nos tornamos dependentes um do outro
      1. Valorosamente sobrevivemos as agruras impostas pelas diversas dimensões da pandemia
      1. Quase que semanalmente vamos nos finais de semana para a pequena casa que temos em Atibaia, que tem sido como um santuário para nós
      1. Conseguimos viajar 3 vezes neste período:
         1. Natal 2020: Fomos para o Canyon do Itaimbezinho. Muito bonito e confortável
         1. Carnaval 2021: Fomos acampar no Jalapão. Não foi uma grande experiencia (mas fomos)
         1. Agosto 21: Fizemos com alguns amigos uma linda navegação no Rio Tapajós e Alter do Chão. Recomendo
2. Família expandida
   1. Eduardo e Silvia: Meu irmão e cunhada tiveram COVID na época do carnaval, a dele muito grave, mas felizmente está recuperado:
      1. Pupi: em SP e bem
      1. Caroline: continua na Alemanha, mas conseguiu ver o pai qdo ele estava Covidado
   1. Bia e Burin: estão bem, mas ficaram impossibilitados de verem as 3 filhas nos EUA
   1. Tete e Arnaldo: estão bem, assim como a Patty e o Dani (cuja profissão foi bem afetada pela pandemia

Para terminar o ano com chave de ouro, em dezembro fui contemplado com uma forma leve do COVID-19. Para quem não sabia ainda: Eu sou o tal idoso de 67 anos, que teve o primeiro caso de transmissão comunitária da Variante Ômicron da COVID-19,que a imprensa divulgou.  Me tornei em  “famoso anônimo”

https://saude.estadao.com.br/noticias/geral,sp-confirma-4-caso-de-omicron-em-idoso-sem-historico-de-viagem,70003923539

Apenas como um alerta:

1. Estava plenamente vacinado com dose de reforço da Pfizer
2. Fui s uma festa, onde para uma foto tirei a mascara
3. Dois dias depois, por ser uma pessoa que estava na festa testar positivo, fiz, mesmo estando assintomático o teste, que confirmou a doença
4. Desde então na minha clinica temos cerca de 10 casos desta variante
5. Portanto se cuidem usando mascara

Também devem estar atentos que o uso da mascara protege contra esta nova Influenza A

Peço desculpas pelo texto longo (melhor quando eu o escrevo sem tempo disponível).

Luci, Ariel, Vicky, Gabriel e eu desejamos a todos um Feliz Natal e um excelente 2022 (mas usem mascara por favor.

Love you all

Familia Hidal