Texto para Pessach 2021 (no calendário hebraico 5781)
Por que esta noite é diferente de todas as noites?
Em cada geração, o homem deve ver a si próprio como se ele tivesse saído do Egito
Esta pergunta é parte central desta linda festa judaica celebrada anualmente há cerca de 3.500 anos pelos judeus no mundo todo. Possivelmente seja a celebração mais antiga que exista (eventualmente alguns não saibam, mas Jesus Cristo estava em Jerusalém, quando foi preso, condenado e crucificado, para celebrar esta festa judaica e a famosa “Última Ceia” é na verdade a celebração desta festividade).
O Judaísmo como todas as religiões, tem as suas peculiaridades e uma delas é que não há uma figura central (como o Papa no Catolicismo) que tenha autoridade sobre a “Doutrina”.
Ao longo destes pelo menos 3,5 milênios de história deste povo, várias dispersões, em momentos diferentes da história ocorreram (por exemplo: a destruição do Reino do Norte com o surgimento das “Dez Tribos Perdidas”,: o Exilio da Babilônia; a Expulsão pelos Romanos em 70 DC, os Criptojudeus na Península Ibérica). Esta dispersão levou ao surgimento de grupos, como:
- Pela origem geográfica: Como aqueles que veem dos países árabes (Sefardim) e aqueles que tem origem europeia (Ashkenazi)
- Pela intensidade de sua ortodoxia: Existem aqueles que são mais ortodoxos e aqueles que são mais liberais (eu mesmo me considero como sendo um Judeu Cultural, o que é uma definição minha).
Quem quiser saber um pouco mais veja no meu blog: https://mostlykind.com/quem-sao-os-judeus/
Esta dispersão levou ao surgimento de ritos, praticas e tradições que são um pouco diferentes entre si (por exemplo: um judeu Ashkenazi não da a um filho o nome de um antepassado vivo, já um Sefarad faz isto de rotina). Isto inclui também os textos religiosos. Por exemplo, o livro de rezas (Sidur em hebraico) que é usado na Sinagoga que eu frequento é diferente de um de uma sinagoga Sefarad.
Quando estou na sinagoga que eu frequento tenho uma sensação de “Confort Food”, de me remeter a minha juventude, de estar com meus pais, irmão, avós e demais familiares. Quando vou em uma sinagoga de rito diferente, apesar de entender e poder acompanhar, não tenho a mesma experiencia.
No entanto tem dois textos no Judaísmo que são totalmente idênticos não importa de que origem vc seja, quão ortodoxa ou laica sua pratica, onde vc estiver será o mesmo.
O primeiro e mais importante é a Torah, que são os 5 primeiros livros da Bíblia, que pela tradição judaica foram escritos por Moises (os judeus se referem a ele como Moshê Rabeinu. Moises nosso mestre, aquele que Maimônides se referiu como sendo o mais Perfeito Ser Humano que existiu, ou Aquele que Pela sua Garganta D’us falou) .
O segundo é a Haggadah (em hebraico significa Narrar) de Pessach. Neste próximo sábado á noite (27/03/21) Judeus de todo o mundo estarão reunidos em um jantar festivo, em que todos rezaram deste mesmo livro, cumprindo um mandamento divino de ensinar as crianças de como D’us nos tirou da escravidão na Terra do Egito.
Pessach (que no Hebraico significa “passar por cima”, referindo-se ao fato que o “anjo da morte” passou “por cima dos judeus” na 10ª praga), que na tradição Cristã se tornou a Pascoa, comemora a liberação dos Judeus da Escravidão do Egito, conduzidos por Moisés.
O jantar de Pessach é chamado de Seder (ordem em hebraico), pois existe uma ordenação ritualística de cada etapa. Uma delas é que neste jantar se deixa a porta da casa aberta, há um lugar vago à mês, no qual é servida a comida, que é para o Profeta Eliahu venha celebrar conosco. Diz a tradição que ele anunciará a chegada do Messias com seu tempo de redenção
Uma das etapas mais animadas é qdo as crianças cantam uma musica muito alegre chamada de “Ma Nishtaná, que significa Porque esta noite é diferente das outras noites?
O Seder termina se cantando uma outra musica muito alegre que diz: “No ano que vem em Jerusalém”, pois por quase 2 mil anos nós Judeus não pudemos retornar a esta terra sagrada.
Esta festa comemora a liberdade, mas pelo segundo ano em seguida vamos comemorá-lo de forma estranha.
Não vamos ter as famílias reunidas, não vamos ter a balburdia que caracteriza esta festa, alguns de nós vão ter um “Seder Zoom”; cantar o “Ma Nishtaná” não terá graça e por fim não ainda não estamos livres deste vírus.
No entanto segundo o Profeta Zacharias os judeus são “Prisioneiros da Esperança”, isto é para onde formos levamos conosco a esperança de que amanhã será um dia melhor. Em Auschwitz ou na Pandemia, temos dentro de nós esta chama de resistir. Zacharias continuava: “Nestes tempos difíceis retornem as suas fortalezas, vcs Prisioneiros da Esperança. A Esperança cria as muralhas que não nos proteger deste inimigo”.
Por definição o Seder é uma obra sempre inacabada, seu termino é uma atitude inspiracional, de que o ano que vem será melhor e que podermos estar em Jerusalém. Assim tb será este ano, com resiliência e esperança, resistimos a este vírus e no ano que vem seremos HOMENS LIVRES.
Chag Pessach Sameach
Luci, Vicky, Gabriel, Ariel e jairo
Chag sameach a vc e familia!
Abs