Caros,
Como vcs sabem nesta próxima 3ª feira ao por do sol, começa a celebração solene do Yom Kippur. O dia do Perdão para os judeus. Em vários textos anteriores escrevi a história e liturgia desta celebração e não vou enchê-los com isto.
A pergunta que quero responder é sobre porque manter este ritual milenar nos tempos atuais (recentemente li que se criou um termo para a nossa época que seria o “Antropoceno”, isto é o período da história onde o homem passou a modificar a terra), onde praticamente não há necessidade de D’us na nossa vida.
Minha explicação para isto passa por entender quais as grandes diferenças entre o Cristianismo e o Judaísmo (por favor, sempre se lembrem de que sou um autodidata em História e não sou expert em religiões) , que são:
1) Jesus Cristo ser filho de D’us (o que me parece ter sido decidido no Concilio de Nicéia). Isto não é um assunto que o Judaísmo consegue aceitar
2) A expectativa da Vinda do Messias
a. Ambas as religiões são Messiânicas, isto é esperam a vinda de um “Ungido” (alias a palavra Cristo em Grego significa Messias), e que na sua época haverá (existem varias descrições): ressureição dos mortos, paz no mundo, etc.
b. Pelo que eu entendo do Cristianismo:
i. Jesus Cristo é o Messias, e as profecias vão se realizar em sua segunda vinda a terra.
ii. Existem 2 suposições de qdo esta vinda ocorrerá
1. A mais disseminada: Qdo Jesus resolver vir (portanto somos nós que esperamos pela vinda dele)
2. Segundo Santo Agostinho (um dos 4 Doutores onde se deposita a fé Cristã) a vinda do Messias esta condicionada a aceitação pelos Judeus de que Jesus Cristo é o Messias. Isto é uma das explicações das perseguições aos judeus, pois a não aceitação de Jesus estaria atrapalhando a segunda vinda do Messias.
iii. A Igreja Etíope, que pelo que aprendemos em nossa recente visita, foi codificada independentemente da Roman, tem uma interpretação diferente (alias o rito dele, se assemelha com o que Jesus seguia no Antigo Reino de Israel) acredita que não haverá uma segunda vinda de Jesus e que nós já estamos vivendo “O fim dos Tempos”.
c. No Judaísmo a compreensão da vida do Messias é diferente, pois neste caso é o “Messias que espera por nós”. Explico:
i. A ideia de que os Judeus são o povo escolhido por D’us não é bem compreendida. Da a impressão de ser o “queridinho”, qdo na verdade foi escolhido para cumprir uma missão:
1. Esta missão é o cumprimento de 613 Mandamentos que estão na Bíblia (não são apenas 10)
2. Qdo todos os Judeus cumprirem esta missão o Messias virá (portanto, qdo eu como agora estou trabalhando, estou dificultando a vinda do Messias)
a. A maior parte destes Mandamentos é de costume (por exemplo: não comer porco, não trabalhar no sábado) e gente como eu acha que não é uma séria transgressão o não cumprimento dos mesmos.
b. Uma parte menor são mandamentos éticos (não roubar, etc.) e eu me sinto obrigado a cumpri-los, não por temos a D’us, mas por ser correto.
3. Isto é somos nós que tempos de criar os tempos Messiânicos
ii. Existe no Judaísmo um conceito (Tikum Olam) que de forma sucinta diz:
1. Na criação do mundo, algumas centelhas daquela faísca divina se perderam e a Criação ficou incompleta e por isto coisas ruins (doenças, guerras, catástrofes, etc.) ocorrem.
2. O Conceito de Tikum Olam diz que cada geração deve colocar um “Tijolinho a mais” para completar a obra divina e entregar para a próxima geração um mundo melhor do que recebeu e, portanto criar as condições para a Vinda do Messias.
Eu na minha vida pessoal, uso este dia do Yom Kippur para uma reflexão pessoal sobre o que eu fui, sobre o que eu fiz, e o que eu poderia ter feito melhor. Este dia sagrado é uma excelente oportunidade para poder corrigir as nossas trajetórias e criar as condições para os tempos messiânicos ocorram na nossa vida na terra.
Chatima Tova
jairo