Um Seder para os nossos tempos atuais:
Com alegria e jubilo comemoramos juntos nossos amigos e familiares a Primeira noite de Pessach (a páscoa judaica).
Um dos mandamentos divinos (são 613 ao todo, dados por D’us no Monte Sinai a Moises e a todo o povo de Israel) é que de geração em geração, seja lembrada, como se cada um de nós tivesse sido escravo no Egito, e que os pais ensinem aos filhos, que D’us todo poderoso nos libertou da escravidão na Terra do Faraó (após 40 gerações de servidão).
A História é conhecida por todos, mas em resumo:
– Moises, judeu da tribo de Levi é criado como príncipe no Palácio real
– Se rebela contra o sistema e abandona o Egito, vivendo em Midian.
– Na cena do arbusto em chamas, recebe um chamamento de D’us para liberar o seu povo.
– Com Aarão, seu irmão tenta convencer o Faraó a liberar o Povo de Israel, mas só o consegue após a 10ª praga.
– Os Judeus conseguem fugir, entram na península do Sinai e após 49 dias recebem a Tora (comemorada em Shavuot)
– Peregrinam por 40 anos no deserto, de modo que a geração de escravos não entrasse na Terra Prometida.
– Após a morte de Moises, Josué liderou a entrada dos Judeus na Terra de Israel
Pessach é uma das 3 festas de peregrinação a Jerusalém (razão pela qual um Rabino de Nazareth chamado Yoshua bem Yosef, estava nesta cidade há exatos 2011 anos atrás. Este quem sabe seja o jantar que mais mudou a história do mundo).
Seu nome significa “passar por cima” (em inglês “passover”) em relação ao fato de que o anjo da morte “passou por cima” das casas dos judeus (que haviam feito uma marcação nos umbrais de suas casas, razão pela qual cada casa judaica tem em suas portas este símbolo).
O jantar de Pessach segue uma ordem, em hebraico “Seder” que é:
- Kadesh (קדש – santificação) – Recitação do kidush e a ingestão do primeiro copo de vinho.
- Urchatz (ורחץ – lavagem) – Lavagem de mãos.
- Karpas (כרפס) – Mergulha-se karpas (batata, ou outro vegetal), em água salgada. Recita-se a benção e a karpas é comida em lembrança às lágrimas do sofrimento do povo de Israel .
- Yachatz (יחץ – divisão da matzá) – A matzá é partida ao meio e embrulha-se o pedaço maior e separando-o de lado para o Afikoman .
- Maguid (מגיד – conto) – Conta-se a história do êxodo do Egito e sobre a instituição de Pessach.Inclui a recitação das “Quatro perguntas” e bebe-se o segundo copo de vinho.
- Rachatzá (רחצה – lavagem) – Segunda lavagem de mãos.
- Motzi Matzá (מוציא מצה)– O chefe da casa ergue os três pedaços de matzá e faz as bençãos das matzot .As matzot são partidas e distribuídas.
- Maror (מרור -raiz forte) – São comidas as raízes fortes relembrando a escravidão e o sofrimento dos judeus no Egito.
- Korech (כורך -sanduíche) – Faz-se um sanduíche com a matzá, maror e charosset.
- Shulchan Orech (שולחן עורך)– É realizada a refeição festiva.
- Tzafon (צפון – escondido) – Aqui é comida a matzá que havia sido guardada.
- Barech (ברך – Bircat HaMazon) – É recitada a benção após as refeições.Bebe-se o terceiro copo de vinho.
- Halel (הלל -louvor) – Salmos e cânticos são recitados. Bebe-se o quarto copo de vinho.
- Nirtza (נירצה – ser aceito) – Alguns cânticos são entoados e têm-se o costume de finalizar o jantar com os votos de LeShaná HaBa’á B’Yerushalaim – “Ano que vem em Jerusalém” como afirmação de confiança na redenção final do povo judeu.
Afikoman – Afikoman refere-se à matzá escondida em Yachatz ,comida ao final da refeição.
Mas o que signifca o Pessach nos tempos atuais. O grande Rabio americano Abraham Joshua Heschel (aquele rabino que fez a marcha contra o racismo ao lado de Martin Luther King), nos perguntaria:
- Quem são os “judeus” ou escravos dos tempos atuais?
- Quem são os “Faraós” da atualidade? Em vez de piramides de pedras são piramides financeiras (que ironia quem sabe o melhor exemplo de um Faraó atual seja o judeu Bernard Madoff)
- Qual é o “deserto” que temos de atravessar para chegar a Terra Prometida? Quem vai nos ajudar nesta travessia?
- Quem precisa cantar hoje “Let My People Go”?
- Quais são as 10 pragas ameaçando a Terra e os seres vivos dos tempos atuais?
- O que podemos fazer e relação a isto?
Assim meus amigos, hoje nos reunimos para comemorar a liberdade, sem se esquecer de que um dia fomos escravos, mas devemos lembrar que a sombra do Faraó (ou como diria Bertold Brecht “o canalha”) esta presente entre nós e que muitos povos ainda vivem sob escravidão, quer seja física, quer seja de pensamento ou de cultura.
Conforme escrito na Torah (Números: 6. 24-26) Que D’us os abençoe e os guarde, que D’us faça baixar sua presença sobre ti, que D’us volte o seu rosto para Ti e te de paz. e que todos possamos ser livre e felizes