É importante colocar esta premissa, pois apesar de ser brasileiro (extremamente grato pela acolhida que este país deu a minha família e a tantos outros imigrantes), de me considerar uma pessoa liberal e imbuído de espírito iluminista, sou judeu (mais cultural do que religioso) e orgulhoso de minha origem.

Reflete bem como eu me posiciono e como sinto o poema do Pastor Inglês, John Donne (1624):

“Nenhum homem é uma ilha, cada homem é uma partícula do continente, uma parte da Terra. Se um torrão é arrastado para o mar, a Europa fica diminuída, como se fosse um promontório, como se fosse o solar de teus amigos ou o teu próprio.

A morte de qualquer homem me diminui, porque sou parte do gênero humano. E por isso não perguntes por quem os sinos dobram, eles dobram por ti”

John Donne (1624)

Me incomoda profundamente a situação do Povo Palestino, como também me incomoda a situação dos

Povos Originais do Brasil (eu fui trabalhar como voluntário no Parque Nacional do Xingu, pela EPM, e creio ter conhecido a realidade “in loco”).

Creio que temos de fazer uma séria análise introspectiva, sobre a situação dos Povos Originais do Brasil e o papel que a Sociedade deva ter em relação aos poucos remanescentes. Eles estão nesta Terra desde milênios antes da chegada de Cabral, sofreram todas as agruras nestes 500 anos de Brasil. Hoje tem seu direito a territórios contestada pela sociedade.

Como será o comportamento da “Sociedade Maior”, se estes Povos Originários decidirem que é do seu melhor interesse se tornarem independentes do Brasil e criar uma nação própria, com sua cultura, língua e códigos?

Também me incomoda a situação do Uigures na China; dos Armênios do Azerbaijão (e em outros locais); dos Yazidis no Iraque; dos Rohingyas em Myanmar e tantos outras populações perseguidas.

Não tenho a intenção de converter ninguém a uma ou outra percepção deste confronto bem antigo, apenas tentar fazer um exercício de coerência e de cenários possíveis. Um pouco de história:

Segunda Guerra Mundial

Possivelmente tenha sido um dos maiores Horrores que a humanidade presenciou. A capacidade de infligir o mal do Nazismo é conhecida por todos, e os “Aliados” (se juntaram Capitalistas e Comunistas) atuaram com grande custo humano para “destruir o Canalha” (como Brecht em A Resistível Ascensão de Arturo Uí se refere).

Alemanha:

Os aliados bombardearam impiedosamente a Alemanha, para destruir sua infraestrutura.

Apenas em um dia (16/03/1945) 5.000 pessoas morreram no bombardeio de Wurzburg

Ao final da Guerra houve todo um processo de “Desnazificação” da Alemanha (de alguma forma é isto que o Governo Israelense pretende, uma “DesHamanização” (neologismo meu) de Gaza.

Dos escombros de uma Alemanha derrotada, surgiu uma Alemanha Pluralista, economicamente solida e um orgulho de todos

Japão:

De forma assemelhada, ocorreu algo parecido com o Japão (lembrando que este país atacou Pearl Harbor, de surpresa, em 07/12/1941, naquilo que o Presidente Roosevelt passou a chamar de “A date which will live in infamy” e no qual morreram mais de 2.400 americanos).

Imperialista, impondo seu modelo de pensamento a todos os territórios conquistados Cometeu crimes comparáveis aos da Alemanha Nazista.

Para conseguir sua rendição incondicional, o Presidente Truman teve de tomar uma das decisões mais difíceis para um mandatário: Usar as armas atômicas em áreas civis. Um dos determinantes desta drcisão, foi poupar vidas americanas em uma invasão terrestre

Ao final da Guerra foi iniciado um processo conhecido como: “Occupation and Reconstruction of Japan” que durou de 1945 a 1952. Atenção não estou defendendo ocupação de nenhum estado, apenas o que ocorreu em um passado não tão distante.

Onze de Setembro

Quase que é obrigatório fazer uma associação entre o 07/10 com o 11/09. Ambos os ataques foram contra alvos civis, assassinando no caso americano quase 3.000 pessoas (outro dia de infâmia)

Possivelmente nós tenhamos nos esquecido das celebrações por alguns Palestinos pela destruição das Torres Gêmeas:

A resposta americana não foi escolher um grande prédio com população muçulmana com exatamente o mesmo número de ocupantes do WTC e destruí-los com jatos comerciais com passageiros da mesma nacionalidade dos ocupantes deste edifício.

A resposta dos americanos foi de destruir a Al Qaeda, mesmo tendo de afetar a população civil Afegã.

Vale a pena lembrar, que: Hamas; Al Qaeda; ISIS; Irmandade Muçulmana e outras são todas organizações assemelhadas, alinhadas entre si, oriundas de um movimento fundamentalista Sunita chamado Wahabismo. Não é de se estranhar que a modalidade aplicada na carnificina perpetrada pelo Hamas, se assemelha a aquela do ISIS. Causar o maior horror possível.

A situação dos reféns

Não consigo imaginar o sofrimento dos reféns e de seus familiares.

Israel é conhecido por ir atras dos seus, mesmo que sejam seus restos mortais.

Em 2011 o governo Israelense fez uma troca de um soldado seu (Gilad Shalit) que estava preso em Gaza havia 5 anos, por 1.027 prisioneiros Palestinos.

Um destes prisioneiros é Yahya Sinwar, que é o atual líder político do Hamas e anteriormente era o líder das Brigadas Qassam, que foi quem perpetrou os horrores do recente ataque.

Qual seria sua decisão, se você fosse dirigente de Israel e tiver de decidir fazer a troca de milhares de criminosos dispostos a matar sem piedade seus cidadãos?

Será que vc não contemplaria o uso de um bloqueio de suprimentos para conseguir a liberação de seus concidadãos, ou seus entes queridos? Esta é a “Escolha de Sofia” que tem de ser feita no momento. Em 1993 em El Salvador foi encontrada junto as Forças de Libertação Nacional, uma lista de empresários brasileiros passiveis de serem sequestrados. O resgate possivelmente seria usado para financiar seus objetivos políticos.

Gaza

Deve ser uma coisa horrorosa viver nas condições impostas a este povo, no entanto é preciso lembrar que:

Israel se retirou deste território voluntariamente e incondicionalmente deste território em 2005, na expectativa de que fosse o embrião de um Estado Palestino independente. O Hamas venceu as únicas eleições realizadas em 2006, renunciou aos acordos de Gaza e tem como seu objetivo a destruição de Israel.

Por esta razão existe um bloqueio, para evitar a entrada de suprimentos que se transformem em mísseis (ou outras armas de destruição contra Israel)

Se com o bloqueio, em um dia o Hamas disparou cerca de 3.500 misseis contra Israel, imagine qual seria sua capacidade sem ele.

O Hezbollah, que é um “estado dentro do estado”, no Líbano, não submetido ao bloqueio, tem mais de 150.000 mísseis prontos para serem disparados contra Israel.

Muitos se referem a ela como a maior prisão ao ar livre do mundo, porém creio que é necessária uma tipificação adicional:

Diferente do que outras “prisões”, em Gaza os Guardas ficam do lado de fora (tanto do lado Israelense quanto Egípcio).

Do lado de dentro, há uma facção que domina, através da violência e intimidação (a semelhança do que ocorre em presídios brasileiros, com o PCC, Comando Vermelho e outros Grupos. Ou nós já nos esquecemos das cenas horrorosas de decapitação, que assistimos não há muito tempo) uma população que sofre duplamente:

Quer seja pelas sanções impostas pelo Bloqueio

Quer seja pela mão de ferro que a Liderança do Hamas (e possivelmente da Jihad Islâmica) impõem a estas pessoas

Imaginando se isto tivesse ocorrido no Brasil

As “Narco-Milicias” impõem a população, que vive em áreas desfavorecidas do Rio de Janeiro (usando esta cidade apenas como um exemplo), um regime de opressão:

São os fornecedores de serviços básicos, pelo qual cobram suas “taxas”

Fazem sua própria “justiça” (vide os médicos paulistas recentemente fuzilados, “por engano”).

Para justificar o que ocorre nestas comunidades, usam como argumento que eles vivem nestas condições devido a exploração que a parte rica desta cidade faz sobre os oprimidos.

Pois bem um dia, estes grupos paramilitares em um “failed State” decidem:

Lançar 3.500 misseis caseiros sobre as áreas onde mora a população mais afluente Fazem uma espécie de “Raid” nas praias, sobre motos, e disparando metralhadoras

sobre aqueles inocentes que foram apenas se divertir.

Matam crianças e idosos, estupram mulheres

Sequestram mais de 100 pessoas, para negociar a libertação de sus comparsas presos.

Qual seria a nossa reação frente a isto????
A Folha de São Paulo, na sua edição do dia 08/10/23 fez uma simulação de qual seria o alcance dos misseis se o alvo fosse a cidade de São Paulo.

A resposta Israelense

Todos nós corretamente estamos angustiados como que pode ocorrer com uma população que possivelmente esteja numa “sinuca de bico”:

Por um lado, está sofrendo as consequências do ataque de Israel

Do outro, está sob jugo de um Governo que não parece democrático (desde 2006 não há eleições) e que impõem punições severas a quem não obedecer a suas ordens.

Todos devem se lembrar de Shylock, na famosa peça de Shakespeare “O Mercador de Veneza, que pede “One pound of Flesh”.

Detalhe os judeus haviam sido expulsos da Inglaterra cerca de 300 anos da época deste famoso Bardo, o qual provavelmente nunca viu um judeu em sua vida. O que seria um texto cômico pode ser lido como mais um libelo antissemita.

Comparando com Shylock (one pound of flesh) a resposta justa de Israel frente ao ataque do Hamas seria:

Encontrar um festival de música (me parece o Hamas não deva permitir que isto ocorra), com gente se divertindo sem maiores preocupações e:

Matarem o mesmo exato número de pessoas que ocorreu na Rave organizada pelos pais do DJ Alok: SUPERNOVA Parallelo Edition.

Estuprarem o mesmo exato número de mulheres que foram estupradas pelos agentes do Hamas.

Localizar uma cidade com exatamente a mesma população que Sderot, irem de porta em porta, matando o mesmo exato números de crianças e adultos que foram brutalmente assassinadas pelo Hamas.

Há um ponto fundamental na ação de Grupos Terroristas, como o Hamas e de países democráticos e civilizados, que é conhecida como “Bussola Moral”:

É preciso estar bem claro que o objetivo do Hamas é de matar pessoas inocentes e com isto causar o que Joseph Conrad descreveu tão bem em seu livro “A Heart in the Darkness” (que serviu de roteiro para o filme Apocalipse Now): O HORROR, O HORROR.

O objetivo de nações democráticas e civilizadas (que tem a obrigação de proteger seus cidadãos) é de matar o menor número possível de inocentes.

Israel tenta usar suas forças armadas para defender sua população Hamas usa sua população para proteger a si mesmo

Recomendo que assistam a entrevista do autor Britânico Douglas Murray (e leiam seu livro: War in the West)

Na minha percepção (possivelmente errada) não haverá paz enquanto:

  1. O Hamas (e quem tem objetivo como o dele de destruir Israel) estiver dando as cartas
  2. Israel não atuar (em associação a outros países) para criar uma situação digna para os Palestinos

Em 1967, logo após a Guerra dos 6 dias, Israel propôs a devolução dos territórios conquistados (Cisjordânia e Gaza) menos Jerusalém e a Liga Árabe, reunida em Khartum (Sudão) emitiu sua famosa resolução dos “Três Nãos”: “no peace with Israel, no negotiations with Israel, no recognition of Israel”.          

A partir desta resolução é que surgiu boa parte da questão Palestina

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