Esta musica de Louis Armstrong (eventualmente vocês não saibam que ele foi acolhido por uma familia judia, de New Orleans, que comprou seu primeiro Saxofone e que ele falava Yiddish de forma perfeita https://www.aish.com/ci/a/Louis-Armstrong-and-the-Jewish-Family.html) de alguma forma sintetiza a sensação que Gabriel, Luci e eu tivemos nesta ultima 5a feira (23/12/21), quando fomos conhecer o prédio (na sua fase final de acabamento) das Faculdades do Einstein, bem como de seu Centro de Pesquisa.
Recentemente eu postei neste Blog texto sobre a Felicidade ( https://mostlykind.com/o-que-e-a-felicidade/ )e de forma resumida haveriam duas formas:
- A Hedônica: que esta relacionada as coisas prazeirosas, como comer chocolate
- A Eudaimônica: que esta relacionada com as coisas que realizamos. Esta tem um efeito mais intenso e duradouro
Tivemos uma intensa sensação eudaimônica nesta visita, que tentarei explicar abaixo:
- Possivelmente a mais importante obrigação dos dirigentes de uma instituição é garantir sua perenidade, e isto se aplica a qualquer organização
- Para poder atingir este objetivo é preciso estar atento não só com as necessidades do momento, mas também com o que o futuro, com todas as suas incertezas pode nos reservar
- Numa instituição médica existem inúmeros condicionantes para se alcançar este objetivo, mas sem duvida uma das mais importantes é atração de novos talentos, que estejam alinhados com a Visão e Valores da Organização
- O habitual de Instituições como o Einstein, é atrair profissionais formados pelas Instituições de Ensino tradicionais.
- Na minha percepção pessoal, com muita tristeza, esta havendo uma degradação no sistema de Ensino Superior Publico (que até recentemente era o “Olimpo”) na área da Saúde e uma destas dimensões pode ser percebida pelo corte da verba de pesquisa que o Governo Federal realizou.
- Nos EUA pelo menos duas Instituições da maior grandeza (Cleveland Clinic & Mayo Clinic) por algumas razões assemelhadas, criaram suas próprias faculdades de Medicina.
- No modelo tradicional em geral se cria uma faculdade de Medicina e depois vai se procurar um Hospital de Ensino.
- A ruptura de paradigma criada pelo estabelecimento de uma faculdade de Medicina por um hospital privado deve ser bem percebida pelo “establishment” tradicional. Vou citar alguns exemplos”.
- Há muitos anos atras Dr. Brandt e eu fomos visitar uma das mais tradicionais Faculdades de Medicina de São Paulo, que tem a reputação de formar medicos generalistas
- Fomos buscar uma pareceria para no seu programa de treinamento incluísse a formação de médicos especializados em Primeiro Atendimento (emergencistas), pois o que tínhamos no “mercado”eram especialistas em outras areas “travestidos” em Socorristas.
- Não conseguimos convence-los, possivelmente por incapacidade nossa
- Sabe o que aconteceu? O Einstein criou uma Residencia nesta area de atuação
- Gabriel, nosso filho mais velho ,é formado em Economia pela FEA-USP e lá há uma enorme parceria com a iniciativa privada, de modo que o aluno formado nesta renomada faculdade atenda as necessidades do setor privado
- A Politécnica em São Paulo temo modelo semelhante
- Há muitos anos atras Dr. Brandt e eu fomos visitar uma das mais tradicionais Faculdades de Medicina de São Paulo, que tem a reputação de formar medicos generalistas
Criar uma nova Faculdade de Medicina não foi fácil e quero veementemente agradecer e parabenizar o esforço que a Diretoria Eleita da Sociedade Mantenedora do Einstein teve. É um trabalho abnegado, não remunerado (não gosto muito do termo Pro Bono), envolvendo estudo, viagens, renuncia a vida pessoal, enfrentar barreiras que parecem intransponíveis (sei bem, pois durante algumas décadas “calcei estes sapatos apertados). Em hebraico se fiz: Kol Hakavod (todas as honras para vc).
Não tive nenhuma participação neste projeto (mas fico muito feliz e orgulhoso pelo mesmo) e seguramente me faltam detalhes, mas imagino as etapas que precisaram ser vencidas:
- Conseguir autorização do MEC para abertura de um novo curso de Medicina
- Quando este projeto foi idealizado estávamos sob um Governo federal que me parece não ver com bons olhos um modelo de uma Faculdade de Medicina por um Hospital privado como o Einstein
- A noção vigente à época era que havia excesso de vagas de medicina no Brasil, mal distribuídas, mas em excesso
- Imagino os percalços para conseguir sua aprovação
- Modelo Educacional:
- Sei que muito foi pesquisado
- Optaram pelo PBL, que em Medicina é considerado o mais apropriado. https://www.themedicportal.com/blog/5-best-things-studying-pbl-course/
- Escolha de um Corpo Docente, com capacitação e experiência para esta empreitada. Conheço muito bem vários dos envolvidos nesta tarefa e são excepcionais em tudo que fazem
- Edificação:
- Conseguir um terreno proximo ao Hospital
- A Familia Szjaman, que tenho o privilégio de ajudar na saúde de alguns de seus membros, mais uma vez mostrou sua enorme generosidade e visão de futuro e doou um terreno apropriado, lindeiro ao Hospital
- https://ensino.einstein.br/sobre
- Definir o projeto arquitetônico
- Foi escolhido o Arquiteto Moshe Safdie: https://www.safdiearchitects.com/projects
- Vejam sobre o projeto no site dele: https://www.safdiearchitects.com/projects/albert-einstein-education-and-research-center
- Obter aprovação da Prefeitura de São Paulo:
- O Morumbi é um bairro quase que exclusivamente residencial
- A Sociedade de moradores é muito ativa (com toda a razão de ser)
- Foram incontáveis instâncias onde pedir as aprovações
- Conseguir os recursos financeiros:
- Faz muito tempo que já não participo da Direção da Sociedade Mantenedora e pouco entendo da parte financeira, mas o Einstein sempre teve um “caixa”bem sólido
- Tem uma excelente capacidade de buscar doações
- Lançou no Mercado um CRIE, que foi muito bem sucedido (se minha memória não falha de ~R$ 400 Milhões)
- Escolha da Construtora
- Nas últimas décadas o Einstein construiu muito e ganhou enorme expertise nisto
- Tem um histórico de licitações de suas obras, muito bem controlado e com as garantias necessárias
- Quem ganhou esta concorrência foi a Racional, que tem um excelente track-record de obras realizadas no Einstein
- Lidar com um cem numero de percalços: sei de um, onde às vésperas da formatura da primeira turma de Medicina, a obra foi interditada judicialmente devido a uma demanda de vizinho
- Conseguir um terreno proximo ao Hospital
- O Vestibular e os alunos:
- Alem das dificuldades inerentes a este tipo de processo houve uma preocupação intensa de haver uma seleção do candidato com o perfil psicológico adequado
- A Mais-Mais esteve envolvida em algumas etapas, e do que pude entender é bem diferente
- Se vê pelos corredores gente jovem, bem educada, muito interessada, com fome de conhecimento, que revigora a todos em questão.
- Cito um exemplo:
- Há alguns meses me foi encaminhado um caso de uma patologia não usual
- Antes de eu chegar ao quarto recebo uma ligação de um interno, querendo participar do caso, já tendo estudado a literatura médica e já pedindo se poderia publicar o caso. Há um Moto em Medicina que diz: “To Publish or to Perish”
- Cito um exemplo:
- O Curso propriamente dito: Last but no Least
- Como já disse não tive envolvimento algum e o pouco que eu sei é por ouvir os colegas envolvidos e pela Mais-Mais.
- Porem tudo que escuto é encantador e me dá uma vontade imensa de cursar novamente Medicina
Eu sou muito observador e detalhista, as duras penas e com ajuda do falecido Israel Schachnik aprendi a ler plantas de engenharia. As custas da implementação da primeira Acreditação da Joint Commission, passei a entender um pouco de segurança.
Também carrego uma fama de ser um “Perguntelho”e vocês podem imaginar a quantidade de coisas que indaguei:
Reaproveitamento de água
Conservação de energia
Controle acustico
Segurança
Redundância de itens de segurança e planos de contingência
Iluminação
Fluxo de carros
Alimentação
Não houve um item sem resposta e me informaram que tudo (até o mobiliário) teve aprovação pelo Arquiteto Safdie
Num terreno ao lado, foi feito um “mockup”(modelo em escala) onde cada item, por exemplo os Brise-Soleil foram testados até ter a aprovação final pelo Arquiteto.
Um Bardo nascido em Stratford-upon-Avon escreveu um texto intitulado: “All’s well, that ends well”.
Nos meus 15 anos, me recordo do lançamento da pedra fundamental do Hospital Albert Einstein pelo então presidente Médici. Desde então, esta instituição jamais deixou de ser referência de qualidade. Tive a honra de frequentá-lo assiduamente por 10 anos, como integrante da equipe do Prof. José Pinus. Estou com saudades…acho que retornarei para operar meus pacientes , pois sinto falta de trabalhar em seu ambiente altamente diferenciado !
Beleza Papi!
Parabéns a todos que participaram da construção dessa maravilha!
Só uma pequena aparafusada:
“What a Wonderful World” é de autoria de Bob Thiele e George David Weiss. Foi gravada pela primeira vez na voz de Louis Armstrong e lançada em 1967.
O grande “Sachtmo” interpretou tão bem, que, chega a ser justo considera-lo como autor.
Bjo e tudo de bom. Do amigo
Edgard
Meu guru,
Muitas saudades de nossas conversas e obrigado por estar sempre atento as minhas patacoadas
bjs
jairo
Fantástico, Jairo!
Emocionei-me lendo e sentindo esse mundo maravilhoso que quando os homens querem são capazes de construir.
Um grande beijo à Mais-Mais, um abração para ti e um abraço também ao Gabriel que, embora eu não conheça, sendo filho de vocês dois só pode ser uma pessoa especial também.
Bela reflexão, Jairo!
Parabéns a todos vocês que, ao longo das décadas têm escrito esta bela história de amor e de competência, o Hospital Israelita Albert Einstein!
Feliz 2022!
Venâncio
Venâncio, meu AMIGO de 50 anos.
Nos vemos pouco, mas nos entendemos muito bem.
Vindo de alguém como você este comentário tem um significado especial.
Obrigado
Aprendi de minha familia, que devemos nos esforçar para entregar para a próxima geração um mundo melhor do que aquele que recebemos
V