Os Judeus São Expulsos de Jerusalém
Durante o governo do Imperador Nero (54 a 68 DC) se iniciaram as “Guerras Judaicas” (bem descritas pelo General Israelense Flavius Josephus (em hebraico: Yosef ben Matityhau) , que após sua captura, se tornou aliado dos Romanos)
https://www.britannica.com/event/Siege-of-Jerusalem-70
No Pessach (pascoa judaica) do ano de 70 DC, Tito (que depois veio a ser Imperador) comandava as tropas Romanas começou o cerco de Jerusalém. Em Agosto do mesmo ano (no calendário judaico foi no dia 9 do mês de Av, mesma data em que Nabucodonosor destruiu o Primeiro Templo) a cidade foi destruída, o Templo queimado e um saque e todos os tipos de violência cometidas. O Arco de Tito, em Roma, glorifica as conquistas de Tito. Eu tenho enorme apreço por este monumento.
Uma vez a Bel, neta do meu Mentor e amigo Rui Maciel, perguntou do porque da minha apreciação por um local que comemora a destruição de algo tão sagrado para mim. Minha resposta é que muitos poucos povos tem um documento tão sólido de 2.00 anos (emitido por alguém que não gosta de você) atestando sua vinculação a sua terra de origem.
Mesmo com a captura de Jerusalém a situação na região da Judeia (nome com que os Romanos passaram a chamar esta província) não ficou fácil, pois entre outras coisas Roma queria obrigar aos Judeus (possivelmente os únicos monoteístas da época) a cultuarem os Deuses de Roma (entre outras coisas quiseram construir um Templo para Júpiter, onde ficava o Templo Judaico). Em torno de 135 DC eclodiu a terceira e última das Guerras Judaicas (conhecida pelos judeus como a Revolta de Bar Kochba)
O Imperador Adriano enviou uma enorme tropa, composta por 6 Legiões ,que transformou a região em “Terra Arrasada”, só para terem uma ideia:
- Estima-se que cerca que 580.000 judeus morreram na guerra
- Numero semelhante morreu de fome e de doenças
- Muitos foram vendidos como escravos
- Estudiosos se referem a isto como um Genocídio
Na tentativa de erradicar o Antigo Israel da memória do mundo e desvincular os judeus de seu lar ancestral, o Imperador Adriano ordenou:
- Banimento de judeus em Jerusalém (foi permitido na região da Galileia e do Golã)
- Mudou os nomes:
- Jerusalém virou Colonia Aélia Capitolina: https://en.wikipedia.org/wiki/Aelia_Capitolina, sendo que este nome tem origem em: https://followinghadrian.com/2014/11/05/exploring-aelia-capitolina-hadrians-jerusalem/
- Aelia: é o nome da família de Adriano
- Capitolina se refere ao culto da Tríade Capitolina (Júpiter, Juno e Minerva)
- A província para Syria Palaestina (de onde vem o nome Palestina) : https://en.wikipedia.org/wiki/Syria_Palaestina
- Jerusalém virou Colonia Aélia Capitolina: https://en.wikipedia.org/wiki/Aelia_Capitolina, sendo que este nome tem origem em: https://followinghadrian.com/2014/11/05/exploring-aelia-capitolina-hadrians-jerusalem/
Por quase 2.000 anos os Judeus não puderam frequentar e rezar em Jerusalém que passou vários domínios (bizantino, pesa, muçulmano, cruzados e novamente muçulmano). Os locais foram dessacralizados e vários tiveram usos que são quase indignos, como viraram estábulos.Durante estes dois milênios os Judeus rezam: Leshana Aba B’Yerushalaim (o ano que vem em Jerusalém) https://youtu.be/1fiytXErdpU
A Independência de Israel e Jerusalém é dividida
Quando em 1948 houve a Partilha da Palestina e a criação do Estado de Israel. Apenas para lembrar os Palestinos optaram por não declarar seu Estado Nacional e sim fizeram uma guerra, que em Israel é chamada de Guerra de Independência (Israel foi atacada por forças conjuntas de: Síria, Egito, Jordânia, Iraque e Líbano) ao final desta Guerra os Territórios que pertenceriam aos Palestinos foram divididos entre o Egito (Faixa de Gaza) e a Jordânia (Cisjordânia). Jerusalém ficou uma cidade dividida, a parte antiga (que é a que tem valor religioso) ficou sob controle da Jordânia (que manteve a mesma política milenar em relação aos Judeus).
Em dezembro de 1948 dois Tenentes Coronéis (do lado Jordaniano: Abdallah A-Tal e do lado Israelense: Moshe Dayan) fizeram uma imprecisa linha divisória com Lápis de Cera.
Como ocorreu em outras situações deste tipo (por exemplo: partição entre Índia e Paquistão também em 1948, ou Grécia e Turquia em 1923) houve uma troca de populações: Palestinos foram para a Jordânia e Judeus para Israel
https://www.nytimes.com/2017/12/05/world/middleeast/jerusalem-history-peace-deal.html
A reunificação de Jerusalém
Em Junho de 1967 ocorre a Guerra dos 6 dias e Israel conquista Jerusalém Oriental (a parte velha e reunifica as duas partes da cidade divida) e finalmente chegamos a esta linda canção.
Em 15 de Maio de 1967 ocorreu um Festival de Musicas Israelense em Jerusalém para celebrar a Independência de Israel. A compositora Naomi (se a Mais-Mais e eu tivéssemos tido uma filha, este era o nome que tínhamos escolhido) Shemer inscreveu esta canção e escolheu a desconhecida Shuli Nathan para cantá-la.
A melodia tem inspiração numa canção de ninar Basca e a letra se baseia em poesia tradicional judaica, inclusive em escritos do Talmude, como por exemplo:
- Samo 137:1 – “Junto aos rios da Babilônia sentamo-nos a chorar, com saudades de Sion.
- Salmo 137:5 – “Se eu de ti me esquecer, ó Jerusalém, que se paralise a minha mão direita”
- Livro de Lamentações: Com esta abandonada Jerusalém, a cidade que antes vivia cheia de gente.
Três semanas após este Festival a Guerra dos 6 dias começou e esta canção virou uma espécie de hino das tropas Israelenses. Em 7 de Junho, Shemer ia cantar esta canção para uma tropa de Paraquedistas, quando chegou a noticia de que o Muro das Lamentações e a área do templo estava em “Nossas Mãos”
Em 2016, Roberto Carlos foi a Jerusalém e cantou uma versão em português que esta no link abaixo.
Lindo e emocionante !!!
Ricardo, meu amigo e irmão.
Vindo de vc é uma honra e um privilégio
Muito interessante. Abs.